Lembra daquele nosso quadro colorido?
Ele mesmo!
Nunca tivemos dons natos para as artes plásticas, mas desde o dia em que nos conhecemos havíamos combinado algo. Lembra?
Combinamos que aos poucos, mesmo com as dificuldades, pintaríamos a nossa história, escolheríamos os tons das tintas, tamanho da tela, enfim, tudo ao nosso modo.
Os matizes do nosso amor emitiam tantas luzes, que os tons escolhidos foram os mais quentes. A nossa vida transformou-se em uma verdadeira aquarela.
Resultado: uma cena de amor tão singular, tão bonita que nenhum artista jamais ousou imaginá-la. Durante um bom tempo nos consagramos como artistas do amor e da vida.
Todos que o viam ficavam deslumbrados, afinal nunca haviam visto algo igual. O nosso quadro de amor despertou tanta inveja que, aos poucos, aquele brilho que possuía foi desgastando-se e aquelas cores quentes que, a princípio, estavam presentes, aos poucos, se converteram em cores frias. Com isso nosso amor foi esfriando, desbotando...
Hoje, esse amor transformou-se em um retrato em preto e branco que está guardado apenas como lembrança de uma época em que fomos felizes.